O ex-secretário-executivo de Segurança Pública do DF Fernando de Souza Oliveira prestou depoimento, nesta quinta-feira (2), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), e afirmou que houve um erro de execução da Polícia Militar durante os atos de 8 de janeiro.
“Havia o Plano de Ação Integrada (PAI) 02/23 que determinava as atribuições de cada órgão e foi acordado na sexta-feira à tarde. A PM deveria manter reforço de efetivo nas adjacências, nos prédios públicos, na rodoviária e em todo perímetro. Era para manter todo o reforço de efetivo. As ações acordadas na sexta-feira não foram cumpridas”, afirmou Oliveira.
“Houve um erro de execução da PM, o Departamento de Operações (DOP) da PM era o responsável e não foi realizado. Posteriormente, no relatório do interventor, ficou demonstrado que sequer havia um plano”, continuou.
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Segundo Oliveira, houve certa passividade de algumas autoridades no dia, já que houve cumprimento do planejamento durante o 7 de Setembro, bem como durante a diplomação de Lula em dezembro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e na posse do presidente, em 1º de janeiro.
“O que precisamos saber é porque não foi executado no dia 8, inclusive me repassaram a informação de que o efetivo estava maior do que costumamos empregar”.
Conforme o ex-secretário-executivo, a função da PM na ocasião era deixar que os manifestantes entrassem na Praça dos Três Poderes.
“Mesmo após a invasão do Congresso Nacional, a ideia foi ter todo o efetivo para isolar o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Demorou muito para essa tropa chegar. Tem áudio meu questionando onde estão essas tropas que estavam de prontidão”.
Sobre o então titular da pasta Anderson Torres, Oliveira afirma que não tinha relação pessoal ou de amizade e que recebeu apenas orientações superficiais.
“O secretário Anderson disse que deixaria o protocolo do PAI aprovado e assinado. Participei do final da reunião das forças de segurança. A Cel. Cintia fez o protocolo, e cada força já sabia o que fazer e como fazer. Eu assumiria formalmente a partir do dia 9, em razão da viagem do titular. Inclusive todo o tempo eu me reportava ao secretário Anderson, mesmo durante sua viagem ”.
Já sobre o governo afastado Ibaneis Rocha, ele declara que não o conhecia pessoalmente. “Após a viagem do secretário Anderson, o governador me pediu quatro relatórios diários sobre os atos programados para o dia 8. Entreguei voluntariamente meu celular para a Polícia Federal e não sei quantas mensagens troquei com o governador. Após a invasão, o governador deu duas ordens que foram prontamente cumpridas: retirar todo mundo, prender todos e colocar toda tropa na rua. Então já tinha sido instalado o gabinete de crise”, expôs Oliveira.
Este conteúdo foi originalmente publicado em “Houve um erro de execução da PM”, diz ex-secretário do DF sobre atos de 8 de janeiro no site CNN Brasil.