No mesmo momento em que o governador Ibaneis Rocha (MDB) entregava certificados de cadastramento e qualificação em biolavagem a guardadores e lavadores de veículos, no Setor Comercial Sul, na manhã desta quarta-feira (25/8), pacientes de oncologia da Rede Sarah, realizaram manifestação no local.
Há quase dois meses, eles relatam que o programa específico para oncologia da instituição está sendo encerrado e reclamam da falta de informações oficiais sobre o assunto. Temendo deixar de fazer tratamento na unidade, eles se reuniram e criaram uma petição on-line em julho, para a manutenção dos atendimentos especializados.
Cerca de 50 pacientes se reuniram no ato pacífico. Ada Cristina Guimarães, de 34 anos, uma das organizadoras da manifestação, é paciente da Rede Sarah Brasília e faz parte da ONG Instituto Oncoguia. Ela é enfermeira, mas está afastada do trabalho por conta do tratamento da doença.
Ada tem câncer no osso e teve metástase nos pulmões. “Desde que tivemos notícia do primeiro paciente encaminhado para a fila da morte, estamos nessa luta. Não existe tratamento oncológico para câncer raro em outro lugar. O Hospital de Base está sucateado. O Sarah tem recurso, tem estrutura e quer encerrar o tratamento. Cadê a diretora do Sarah e o GDF que não explicam nada?”, questionou.
“Tivemos que fazer essa manifestação para as pessoas nos ouvirem. Não são só 300 pacientes. O Brasil inteiro vem para a unidade se tratar”, afirmou.
Ainda segundo Ada, o GDF pediu o descredenciamento do hospital para o Ministério da Saúde e não deu satisfação aos pacientes.
“Fomos recebidos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF), que se comprometeu em nos ajudar e também pelo governo federal. O nosso objetivo é manter tudo exatamente como era. Sem perder nada. Desde quimioterapia, cirurgias e biópsias. Até o momento, cinco pacientes foram desligados efetivamente. Depois da repercussão do caso, a diretoria do Sarah mandou paralisar. Internamente, já tiraram até a placa de oncologia da ala no hospital”, explicou Ada.
O Governo do Distrito Federal foi procurado pela reportagem, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia emitido parecer. O espaço segue aberto.
Apoio
O deputado distrital Fábio Félix (PSol), presidente da CDH, também participou do ato. “Há uma contradição. O Sarah diz que não quis fechar a oncologia. O Ministério de Saúde alega que a rede pediu o descredenciamento do serviço e eles têm vários documentos dos encaminhamentos realizados para eles falando sobre a debilitação do programa. Não adianta o Sarah somente negar o fechamento. Ele precisa explicar o significado desses documentos”, comentou Félix.
Segundo o parlamentar, a situação gera uma preocupação enorme para os pacientes em situação grave.
“Vamos buscar a direção do Sarah para uma reunião e um diálogo para tentar chegar a um entendimento que tranquilize as pessoas. Eles não conseguem atendimento na rede pública de saúde do DF”, finalizou o distrital.
Desabilitação
Como publicado em 9 de julho, o Metrópoles teve acesso a um relatório da Secretaria Federal de Controle Interno (SFC), área vinculada à Controladoria-Geral da União (CGU), enviado ao Ministério da Saúde, após uma fiscalização no Hospital Sarah Brasília com o objetivo de avaliar a estrutura da unidade “frente às exigências da Portaria SAS/MS nº 140/2014 no que diz respeito às unidades habilitadas como UNACON (Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia)”.
O documento destaca que “a Portaria SAS/MS nº 140/2014 e os demais normativos relativos à Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer não preveem a existência de unidade habilitada em oncologia pelo SUS que oferta procedimentos somente para um conjunto de especialidades, como é o caso do Hospital Sarah de Brasília”.
Fonte: Metrópoles.