O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) questionou o gênero da ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante reunião da Comissão de Cultura da Câmara, na quarta-feira (15).
“Eu quero saber o que ela é. Eu sei que é uma mulher. Eu não sei se pode ser chamada de mulher ou não”, afirmou o parlamentar.
Feliciano então disse não conhecer Margareth, que, antes de ser ministra, havia feito carreira como cantora de destaque no Brasil, tendo sido reconhecida em premiações nacionais.
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A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) rebateu o colega: “A ministra tem nome: Margareth Menezes. E eu estou aqui para defendê-la. Nós não vamos aceitar esse tipo de colocação”.
“Eu quero que ele respeite a ministra, só isso que eu peço”, acrescentou Lídia.
Em diversas publicações nas redes sociais, o pastor se diz contrário à causa trans, e à ideologia de gênero, a quem ele já chamou de “maldita” nas redes sociais.
Bolsonaristas atacam governo durante sessão
Pouco antes, o vídeo da sessão deixou vazar o comentário de um dos deputados ao microfone fazendo referência à linguagem neutra e dizendo que Margareth seria “ministre”.
Há uma semana, Nikolas Ferreira (PL-MG) usou a tribuna da Câmara para fazer uma pregação contra o feminismo e disse ser a “deputada Nikole”. Parlamentares o acusaram de transfobia e pedem a cassação do mandato.
O episódio levou uma das duas deputadas trans que exercem mandato inédito na Câmara, Erika Hilton, a pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para incluir Nikolas no inquérito das milícias digitais.
A bancada do PSOL na Câmara entrou com notícia-crime no Supremo contra o deputado bolsonarista. Erika também levantou um abaixo-assinado para cassar o mandato do parlamentar.
Deputados bolsonaristas usaram a sessão da Comissão de Cultura para fazer um enfrentamento do governo. Feliciano mencionou o nome da ministra porque pretende convocá-la para dizer como serão usados os R$ 10 bilhões que o ministério terá de recurso.
Outros três bolsonaristas discursaram – um deles, o ex-secretário da Cultura no governo Bolsonaro Mario Frias – contra a “hegemonia da esquerda” no setor e que é preciso acabar com o “monopólio”.
“A gente tem que acabar com o monopólio do governo federal que cultura é só música funk. O incentivo é só àquilo de uma cultura que é destrutiva moral. O governo federal investe em todo tipo de cultura que destrói a moral”, disse o deputado Abilio Brunini (PL-MT).
Ele ainda fez a defesa da cultura cristã e sacra. “Quanto se gastam em shows da Ludmilla, por exemplo, mas você nunca vai ver o governo federal gastando R$ 5 milhões num evento para promover músicas que adoram, servem a Deus. A base do nosso país é a cultura cristã.”
A CNN entrou em contato com o Ministério da Cultura sobre as falas de Feliciano. A pasta disse que não irá comentar.
(Publicado por Lucas Schroeder, com informações da Agência Estado)
Este conteúdo foi originalmente publicado em Na Câmara, Feliciano questiona se Margareth Menezes “pode ser chamada de mulher” no site CNN Brasil.