Especialista em direito digital alerta para riscos estruturais nos bancos e questiona até quando os consumidores seguirão expostos a vazamentos
Aconteceu nesta quarta-feira (2) mais um alerta crítico envolvendo segurança digital no setor financeiro. O Banco Central informou que a C&M Software, empresa responsável por conectar instituições financeiras ao BC, foi alvo de um ataque hacker à sua infraestrutura. O episódio reacende o debate sobre a fragilidade da cibersegurança bancária no país e levanta dúvidas sobre o preparo das instituições, sobretudo as digitais, para lidar com ameaças cada vez mais sofisticadas.
“Trata-se de mais um exemplo da vulnerabilidade estrutural do sistema financeiro nacional. Infelizmente, a segurança da informação ainda não é tratada com a seriedade necessária por muitas instituições”, avalia o advogado Francisco Gomes Junior, sócio da OGF Advogados, especialista em direito digital e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP).
Segundo Francisco, o ataque à C&M Software preocupa porque envolve diretamente a conexão de bancos ao Banco Central, um elo crítico na cadeia financeira nacional. “Quando um fornecedor que atua diretamente com o BC é comprometido, estamos falando de riscos sistêmicos. Isso vai além de falhas pontuais e mostra que o ecossistema inteiro pode estar exposto.”
O especialista explica também sobre os bancos digitais e alerta que nos últimos anos, esses bancos se multiplicaram com rapidez, oferecendo praticidade e inovação, mas muitas vezes com investimentos insuficientes em cibersegurança. “Essas fintechs têm uma base tecnológica como premissa, mas nem sempre contam com infraestrutura robusta de proteção digital. O resultado são sucessivos vazamentos, ataques e prejuízos aos usuários.”
Além do risco à privacidade dos dados, esses incidentes afetam a confiança do consumidor e colocam em xeque a responsabilidade das instituições, que devem seguir as diretrizes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e responder por falhas em suas estruturas ou de seus parceiros.
“É inadmissível que, em 2025, ainda lidemos com esse tipo de vulnerabilidade. Até quando vamos aceitar que nossos dados financeiros estejam à mercê de hackers? É preciso ação regulatória firme, fiscalização eficaz e, acima de tudo, investimento real em segurança digital”, conclui o especialista.
Dr. Francisco Gomes Júnior: Advogado sócio da OGF Advogados, especialista em Direito Digital e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Foi Presidente da Comissão de Ética Empresarial e da Comissão de Direito Empresarial na OAB. Instagram: @franciscogomesadv
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